Zune 2.0: será que dessa vez a Microsoft acerta?
Há quase 1 ano, na ocasião do lançamento do Zune (MP3 player da Microsoft), escrevi um artigo dizendo as razões pelas quais o produto não conseguiria nem de longe ameaçar a liderança do iPod da Apple.O artigo recebeu vários comentários, tanto positivos como negativos. Recebi também vários e-mails, alguns concordando, outros discordando e alguns atacando não os argumentos do artigo, mas sim o autor (no caso eu), numa clara demostração de imaturidade.
Passado esse tempo, e na ocasião do lançamento do novo Zune, volto para conferir o que aconteceu. Vamos aos fatos.
A Microsoft conseguiu vender, desde o lançamento do Zune, aproximadamente 1,2 milhões de players. Um número bem interessante não é mesmo? Mas que tal colocar em perspectiva?
Enquanto foram vendidos 1,2 milhões de Zunes, a Apple colocou nas mãos dos consumidores nada menos que 40 milhões de iPods. Ou seja, para cada Zune vendido, a Apple conseguiu vender mais de 30 iPods. Uma diferença de mais de 3.000%.
O único diferencial na época era a conexão Wi-Fi, que permitia aos usuários do Zune enviarem músicas a outros players que estivessem próximos.
Até agora esse diferencial não se mostrou suficiente para deter o avanço da Apple, que já disponibilizou o mesmo recurso em seus novos produtos.
E agora, quais são as apostas da Microsoft para tentar novamente conquistar seu lugar no mercado de MP3 players?
De acordo com a gigante de Bill Gates, o novo Zune vai trazer mais do mesmo, ou seja, o software continua o mesmo, apenas um pouco mais amigável. O hardware também não mudou muita coisa: entram novas cores, um design mais enxuto e um estilo de navegação mais atual.
O diferencial (que não é diferencial) do Wi-Fi continua presente, mas com algumas mudanças no que diz respeito à restrição do número de execuções dos arquivos enviados.
Disponível nas versões de 4, 8 e 80gb, o novo Zune continuará sendo vendido exatamente no mesmo preço dos iPods, com a mesma capacidade (Nano e Classic).
Mais uma vez sou da opinião de que a estratégia da Microsoft não vai funcionar.
Com relação ao preço, a Apple possui duas vantagens muito claras:
01. Ela possui o iPod Shuffle, custando praticamente a metade do Zune mais barato, e um dos preferidos dos consumidores.
02. O volume de vendas, que garante a ela uma imensa margem de lucro e que torna fácil (se necessário) reduzir os preços de seus produtos frente a uma possível ameaça da Microsoft.
E o que dizer do mercado?
No artigo anterior eu havia dito que as vendas da Apple estavam praticamente estáveis em 8 milhões/trimestre. Atualmente elas estão em pouco mais de 9 milhões/trimestre (descontando a sazonalidade de fim de ano).
Em um mercado entrando na sua fase de maturidade, qual a melhor receita para garantir o sucesso? Inovação!
A Apple continua apostando na receita de sucesso, lançando constantemente novos modelos, aposentando os velhos e criando novas funcionalidades para garantir sua posição de líder.
Desde o seu lançamento, o iPod já passou por mais de 15 modelos diferentes, sem contar as edições especiais (RED, Signatures 'Madonna, Beck, Tony Hawk, No Doubt' e Harry Potter)
Mas não é de qualquer inovação que estou falando, e sim inovação de valor, inovação que seja vista pelos clientes como algo que realmente traz tantos benefícios que vale a pena deixar de lado seu "velho" MP3 player para comprar a nova geração.
Recentemente a Apple lançou o iPod Touch, que mudou totalmente o modo de utilizar o player, através de uma tela sensível ao toque, similar ao do iPhone.
O iPod é um dos produtos (senão o produto) que mais traz receitas e lucro para a Apple, e ela não vai deixar que ninguém entre nesse mercado tão facilmente.
A estratégia perseguida pela Microsoft de vender um produto "tão bom" quanto o da Apple, com praticamente os mesmos recursos e na mesma faixa de preço, mostra um erro cometido diariamente por diversas empresas, das mais diversas áreas.
Se você quer conquistar um lugar de destaque no mercado, seja com um produto, um serviço, ou até como profissional, você deve criar uma nova arena para competir.
Se o produto/serviço do concorrente é cheio de atributos e funcionalidades, que tal criar uma versão básica, simples, enxuta?
Se o produto/serviço do concorrente é comercializado por um preço alto, que tal criar uma versão bem acessível?
Se o produto/serviço do concorrente é vendido no Brasil, que tal vender na China?
Resumindo:
Você nunca conseguirá ser o líder se a sua estratégia se resume a imitar o líder.
Até a próxima!